Um dos efeitos causados pela pandemia foi aumentar a aceleração da cultura e a antecipação de mudanças em larga escala antes previstas para acontecerem somente daqui a uma ou duas décadas.
A adoção maciça de diferentes tecnologias foi a principal estratégia praticada para manter as escolas e instituições de educação superior em funcionamento durante o período de distanciamento físico.
Milhões de estudantes, professores, gestores e demais profissionais da educação tiveram que se adaptar muito rapidamente ao que passou a ser designado como ensino remoto. E as instituições educacionais e governos viram-se obrigados a tomarem decisões emergenciais, com pouco ou nenhum planejamento prévio.
As mazelas já presentes na educação brasileira tornaram-se ainda mais escancaradas. Escolas desprovidas das condições mínimas de infraestrutura física, sanitária e tecnológica. Famílias, estudantes e docentes sem acesso ou com recursos insuficientes para estabelecerem relações de ensino-aprendizagem online. Insegurança alimentar aumentada pela falta da merenda escolar. Risco de aumentar a evasão, o abandono e aprofundar a desigualdade na aprendizagem entre estudantes de diferentes classes sociais.
O retorno das aulas e atividades presenciais será intermitente ou alternado, o que exigirá a adoção de um ensino híbrido de qualidade, um programa onde o discente tem alguma flexibilidade quanto ao tempo, local, ritmo de estudos e sobre as trilhas de aprendizagem a serem cursadas.
À medida em que a maioria das instituições educacionais implementarem seu próprio modelo de ensino híbrido será mais fácil comparar os modelos, abordagens, metodologias e resultados de cada uma. Nesse sentido, é fundamental que a qualidade e a eficácia se aliem à eficiência da gestão, para proporcionar e privilegiar condições de se buscar a excelência.
O Online Learning Consortium (OLC) divulgou um manual*, que contempla 70 indicadores de um ensino híbrido de qualidade, organizados em oito categorias: apoio institucional, suporte tecnológico, desenvolvimento do curso e design educacional, arquitetura curricular, relações de ensino e aprendizagem, apoio aos professores, atendimento aos estudantes, avaliação institucional e avaliação de aprendizagem.
O OLC é uma entidade dos Estados Unidos que realiza pesquisas há décadas para tentar colaborar com instituições educacionais que se interessem em manter um programa de ensino híbrido ou EAD de melhor qualidade.
O infográfico a seguir resume quais os indicadores são avaliados para definir se as relações de ensino aprendizagem ocorrem dentro dos padrões de qualidade esperados ou não.
Algumas percepções remanescentes sobre a menor qualidade do ensino híbrido apontam um lacuna de desenvolvimento profissional, que pede capacitação contínua do corpo docente, especialmente para propiciar a aprendizagem ativa em aulas assíncronas.
Será necessária a criação de uma arquitetura de engajamento na sala de aula online com o uso adequado de ferramentas da internet e uma reinvenção dos fóruns de discussão como espaços interativos.
A aprendizagem ativa coloca o aluno no centro da experiência. Além de ser centrada no estudante, exige ações significativas do discente em prol de sua aprendizagem e que essas sejam alinhadas com a reflexão do educando sobre sua experiência de aprendizagem. A metacognição é privilegiada.
Fonte: fundacred