A Contabilidade tem sofrido mudanças constantes ao longo dos últimos 10 anos, que vão desde a adequação às normas internacionais até as demandas de informatização digital, como a nota fiscal eletrônica e as demonstrações do eSocial. Consequentemente, o mercado contábil também se aprimora e cresce a cada nova mudança, exigindo do profissional um papel cada vez mais estratégico, de análise e gestão das informações.
Essa nova realidade das Ciências Contábeis, que amplia o mercado e ressignifica a função dos contadores dentro das empresas, faz também com que cresça expressivamente o interesse de universitários frente ao curso.
Segundo Censo da Educação Superior de 2018, publicado pelo Ministério da Educação (MEC), a graduação em Ciências Contábeis está entre as cinco mais procuradas por estudantes brasileiros. Isto acontece porque a contabilidade não é mais uma profissão de um único perfil, esclarece a presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), e também professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Ana Tércia. “Hoje existem influenciadores digitais da contabilida-de e outras séries de ações que são da modernidade. O fato de ser contador não condena mais ninguém a trabalhar o resto da vida em um escritório.”
Porém, será que o ambiente acadêmico consegue acompanhar com a mesma velocidade as demandas deste mercado contábil, cada vez mais digital e multitarefas? Para a presidente do CRCRS, as universidades ainda trabalham com práticas profissionais bastante limitadas, recursos limitados, e melhor a forma de nivelar está diferença entre academia e mercado é com os alunos ingressando no ambiente profissional. “Por mais esforços que se façam, tanto de ferramentas quanto de desenvolvimento intelectual, a universidade sempre será um ambiente hermético, simulado. O cenário ideal é esse aluno estudando e tendo uma experiência no mercado de trabalho.”
Outro ponto a ser analisado sobre o cenário acadêmico da contabilidade dá-se a partir do Exame de Suficiência, prova obrigatória aos bacharéis em Ciências Contábeis no Brasil. Só a partir da aprovação no exame que o profissional poderá exercer a contabilidade. Na última prova, que aconteceu no segundo semestre de 2018, o Rio Grande do Sul obteve a melhor média em comparação com outros estados, porém a aprovação dos estudantes não passou dos 50%.
De acordo com Ana Tércia, este é um resultado que não se pode comemorar, mesmo que o estado gaúcho esteja na liderança do exame: “Excelência abaixo dos 50% de aprovação é uma excelência bem questionável. Então eu só começaria a falar que o resultado é bom quando as médias forem mais elevadas, acima dos 60%”.
Fonte: fundacred