O Censo da Educação Superior do Inep indica que no total são oito milhões de acadêmicos com 40 anos ou mais em todo o Brasil.
Carlos Alberto Pacheco tem 62 anos e é aluno do 6º período de Psicologia na Universidade Tiradentes. Mestre em Física, possui bacharelado e licenciatura na mesma área, além de outro mestrado em uma área Logística. Na época, queria ser astrofísico, mas só havia o curso a nível de pós-graduação.
“Quando me formei, o campo de trabalho estava mais aberto para Telecomunicações e resolvi trabalhar nessa área, me sentindo realizado com essa atividade, que me possibilitou ser físico em uma área de ponta”, comenta Carlos.
Atualmente, Pacheco está aposentado e resolveu dar um novo passo e fazer uma nova graduação. “O meu interesse sempre foi entender a realidade que nos cerca. A Física estuda a realidade do Universo em termos materiais, e a Psicologia estuda a realidade das pessoas em termos emocionais, continua sendo uma busca pela compreensão do que a vida nos proporciona”, diz.
“Quando atingimos uma determinada idade, cada momento de sua vida vai ficando muito importante. Portanto, se eu resolvi investir cinco anos da minha vida estudando Psicologia, tenho que fazer isso bem-feito. Eu me dedico bastante. Estou muito contente com a graduação e espero que a vida me permita ainda poder retribuir para a sociedade, por algum tempo, toda essa informação e conhecimento que estou recebendo”, acrescenta.
Para Carlos, os desafios fazem parte desse novo momento. “A graduação mudou em alguns aspectos. Eu cursei Física no fim dos anos 70 e início dos anos 80, quando não havia celular, internet ou aulas on-line. O curso era bem formal, dependíamos muito do professor, dos livros, a possibilidade de acesso às informações de outros meios acadêmicos, artigos e teses era bem mais restrita. A minha turma, a partir do 4º período, foi ficando pequena, foco e persistência eram essenciais, o curso era bem difícil e aprofundado. Atualmente, temos muito mais recursos para acessar a informação, os aplicativos facilitam nossa vida”, declara.
Pacheco está entre os cerca de 732 mil estudantes universitários com 40 anos ou mais, de acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No total, são oito milhões de acadêmicos em todo o Brasil.
Segundo a psicóloga e professora da Unit, doutora Angélica Piovesan, a inserção de estudantes mais maduros no Ensino Superior é muito positiva e traz diferenças. “Esse tipo de estudante geralmente tem mais responsabilidade, prioriza o que deseja e não quer mais perder tempo. Geralmente, já tem outro curso superior. A maturidade potencializa as discussões e os entendimentos das leituras, o que contribui para o desempenho do aluno”, salienta.
O cuidado com a saúde mental também é importante. “Na verdade, este cuidado deve ser priorizado em qualquer idade. Em cada idade, pode haver cuidados mais específicos. Mas, de maneira geral, é importante manter uma boa noite de sono, ter cuidados com a alimentação e fazer atividade física, planejar a rotina, fazer psicoterapia para auxiliar no autoconhecimento e lidar com as demandas da vida e ter um tempo para diversão e contato com familiares”, enfatiza a psicóloga.
E, para quem acha que o mercado de trabalho não está receptivo ao profissional maduro, a coordenadora do Unit Carreiras, Maria Luísa Teodoro, garante o contrário.
“O mercado entende que estas são pessoas mais experientes e, com isso, carregam uma maior bagagem, além da maturidade para exercer suas funções. O graduando maduro que busca se atualizar em relação às novas tecnologias, por exemplo, consegue grandes êxitos”, assegura.
Fonte: imprensa24h